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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Artistas ou trabalhadores de rua?


Depende dos olhos de quem vê. Para alguns, trabalho. Para outros, arte. Há quem considere “vagabundagem”. Diariamente, artistas saem às ruas, expondo seus mais diversos talentos a procura do pão de cada dia. Pode-se dizer que é a verdadeira prática de unir o útil ao agradável, talvez, mais por necessidade do que opção.

Para estes artistas, as sinaleiras tornam-se os grandes palcos. Os espectadores são os motoristas que aguardam o sinal verde para prosseguirem sua viagem, além dos pedestres que dividem o espaço mais de perto.

Antes de julgarmos, talvez caiba pensar o que leva o ser humano a tal exposição. Passar horas debaixo do sol, na expectativa do sinal ficar vermelho, para então, torcer que alguém admire o seu trabalho e o ajude com algumas moedas.

Certamente, as condições sócio-econômicas destas pessoas são fatores determinantes para buscarem nas ruas, alternativas para o sustento do lar. A falta de oportunidade de trabalho e a dificuldade de inserção no mercado, normalmente, são as justificativas mais encontradas.

Em alguns casos, muitos deles saem dos seus países ou cidades natais, na esperança da tão sonhada melhoria de vida. O fato é que, ao chegar em uma cidade, nota-se que a realidade não é muito diferente. Deste modo, as ruas tornam-se os modos e meios de sobrevivência.

As reações são as mais variadas possíveis: desde o olhar que exprime a admiração, o de indignação, que muitas vezes acompanha a frase “Vá trabalhar vagabundo”, até o desprezo e indiferença, que já não são mais surpresa, nem motivo de desânimo para estes trabalhadores.

Vale ressaltar que, em virtude das já conhecidas abordagens feitas por meninos de ruas, pedintes, ou ladrões que se passam por mendigos, para realizarem assaltos, os motoristas já imaginam ter que parar no sinal vermelho, e enfrentar as investidas, muitas vezes violentas, dos infratores. Talvez por isso, as reações de repulsa. Ocorreu uma espécie de “banalização” da atividade.

Contrapondo a idéia da falta de oportunidade, alguns estão nas ruas porque querem e gostam da “arte de fazer arte”. Para eles, estranho seria estar num escritório, vestido formalmente, ou assumindo um cargo importante numa determinada empresa. Encaram a vida como uma grande brincadeira.

Em meio ao caos urbano, estes artistas desenvolvem a arte de trabalhar.